No meio do monte de livros, revistas, fotocópias e imensas outras coisas que atulham as estantes (e outros lugares onde pousar) do meu quarto, encontrei duas pastas com coisas que escrevi quando estava nos vinte e poucos anos. Este poema é engraçado. Escrito, como se percebe, a partir de uma canção de Vinicius de Morais, revela alguma ingenuidade.
(SE UM DIA VOCÊ VIER…)
Se um dia você vier
e me encontrar calado
não se vá embora. Não.
Se deite a meu lado
e me cubra de pranto
como se eu não tivesse esperanças,
como se não houvesse mais luz
para iluminar esta criança.
E se a noite estiver fria
é do contacto com o meu corpo,
esses fantasmas que voam no ar
desaparecem com um sopro.
Deixe então correr as lágrimas
como se fossem um exorcismo
capaz de me tirar esta pose,
de me sonegar deste abismo.
Mas se eu não acordar
com o sal das tuas lágrimas,
vai. E volta a amar.