Terça-feira, 6 de Junho de 2006
Sabem, na penúltima página do JL (Jornal de Letras, Artes e Ideias) existe uma espécie de diário cultural, intitulado Sol & Sombra, escrito por Jorge Listopad. Mas é quando ele (para utilizar palavras suas) não é culturalmente concreto, mas talvez não seja abstracto, que eu gosto mais. Leiam-me estes pedacinhos de prosa:
Oitavo capítulo - Melancolia. Um homem jovem, só, sentado no jardim. Está fresco, mas ele não tem frio. No pequeno pavilhão, onde em tempos serviam chá, as galinhas andam a passinhos de galinha.
Está sentado durante muito tempo. Chega a irmã e pergunta: «Passa-se alguma coisa? O que tens? Ontem encontrei no sotão a tua boina, aquela à francesa.»
- Sim - diz ele.
- Queres que te prepare uma limonada? Ou algo quente ? Cacau?
Mas ele deseja que lhe traga a enciclopédia da melancolia. Ou o fim do mundo.
Décimo capítulo - O que é de ouro. O ouro é tépido. Não quebra. Os filões mais ricos encontram-se em Witwatersrand (África do Sul) e também nos Urais. O mais valioso na tua nuca.
Décimo primeiro capítulo - O profeta. Prenderam um profeta surdo. Não fazem ideia que todos os profetas são surdos como uma porta.
Segunda-feira, 5 de Junho de 2006
Uma nova revista sobre vinhos anda aí nas bancas, blue Wine. Tem um artigo interessante, o Vinho e a Música, de autoria de Célia Lourenço, em que de entrada nos trás esta preciosidade de Sophia de Mello Breyner Andresen, in "A Menina do Mar":
"- Hoje trago-te um coisa da terra que é bonita e tem lá dentro alegria. Chama-se vinho. Quem bebe fica cheiode alegria.(...)
- É muito encarnado e muito perfumado - disse ela - Conta-me o que é o vinho.
- (...) Esta é a história do vinho, mas o seu sabor não sei contar. Bebe se queres saber como é.
E a menina do mar bebeu o vinho, riu-se e disse: - É bom e é alegre. Agora já sei o que é a terra. Agora já sei o que é o sabor da Primavera, do Verão e do Outono. Já sei o que é o sabor dos frutos. Já sei o que é a frescura das árvores.
Já sei como é o calor de uma montanha ao sol. Leva-me a ver a terra."
Sexta-feira, 2 de Junho de 2006

Apenas umas experiência divertida com uma fotografia.
O livro chama-se O Monstro do Espaço, de Robert H. Heilein
e a revista é a ÚNICA, do jornal Expresso, com uma reportagem sobre Nova Iorque.
Quinta-feira, 1 de Junho de 2006
ponto 1. O Borba branco tanto vai bem com presunto fatiado como com camarão grande como ainda com codornizes grelhadas.
ponto 2. Quem se mete em longas patuscadas deve ter sempre gurosan em casa.
ponto 3. Este blogue encontra-se oficialmente de ressaca.
sinto-me:
Quarta-feira, 31 de Maio de 2006
31 de Maio.
última quarta-feira do mês
aniversário do nascimento do grande poeta americano Walt Whitman
dia de estar com amigos
conversas ao redor da mesa, dos pratos, dos copos
uma pausa antes que o amanhã chegue
o calor volte a subir
e os bits e bytes conspirem para me porem
a mandar uns "bitaites" para a atmosfera
acerca dos autores de determinada aplicação
uma pausa, apenas uma pausa
Terça-feira, 30 de Maio de 2006
Tá um tipo na sua de se queixar de tudo (o calor, o calor, o calor) quando se depara com esta reportagem na revista ÚNICA, suplemento do jornal Expresso, acerca do trabalho infantil. Já nem falo do caso português mas sim da reportagem de Ana Sofia Fonseca no Peru.
Para começar uma fotografia de uma criança a entrar numa fabriqueta qualquer e o aviso, em letras grandes na parede amarela:
AVISO
NO ROBAR PORQUE
SI TE VEO TE MATO
Depois aquelas frases de crianças trabalhadoras. Cito só duas:
«Imaginas o que é ter fome? É sonhar com um pedaço de arroz ou uma perna de frango e fingir que o estômago não doi para a mãe não ficar ainda mais triste.»
(Robinson Becerra, 12 anos)
«Se eu fosse uma princesa, assim como as dos contos, tinha uns sapatinhos de cristal, daqueles lindos! Ou de verniz...Ai, era tão bom! E vivia num palácio e tinha bonecas e não precisava de trabalhar. Gosto tanto de Barbies, o MANTHOC deu-me uma no Natal. Foi o presente mais lindo que tive, nunca tinha tido nenhum. Gostava tanto de ser princesa...Mas esta lama dava-ma cabo dos sapatos, tinha de viver num sítio com ruas a sério (sorriso). Já viste se eu fosse mesmo princesa? Ia para longe e nunca mais carregava tijolos. É muito duro o meu trabalho. Eu ia ser uma princesa boazinha, não me ia esquecer de Deus nem dos pobres. Na tua terra as casas têm água? Eu quero ir à Europa, o Robin sabe muitas coisas, ele diz que lá não há lama e que as crianças não trabalham. Sou uma sonhadora, não é? (Suspiro)»
(Luz Roxana Diaz, 12 anos)
sinto-me: 
furioso
Parece que a vaga de calor está a passar, embora digam que volta a partir de Quinta.
É que não consigo acabar um treino sem que não fique de rastos, com uma perna a pedir licença à outra para a passar.
Entretanto, beber gasosa geladinha logo pela manhã faz com que a garganta comece a gritar pelo paracetamol.
Segunda-feira, 29 de Maio de 2006
Ah. Muito gosto eu destas prosas. Do nº 57 da revista EPICUR (já aí nas bancas) e acerca do gaspacho:
"Gregório Marañon, espanhol e homem grande das letras e da medicina, sobre o gaspacho à portuguesa dizia que «...o instinto popular adiantou-se em muitos séculos aos professores de dietética e essa emulsão de azeite em água fria juntamente com vinagre, sal, tomate, pão e pimentos contém tudo o que é necessário para sustentar trabalhadores sujeitos às condições mais duras». Falava dos ceifeiros do Alentejo, dobrados a ceifar de sol a sol. E acrescentava: «...se poderem beber um copo de vinho têm uma completa refeição.»
sinto-me: 
contente
Sexta-feira, 26 de Maio de 2006
Isto é uma autêntica bizantinice
Investigadores desvendam enigma do ovo e da galinha
Um investigador, um filósofo e um avicultor acreditam ter desvendado um dos mais velhos e populares enigmas da humanidade: saber o que surgiu primeiro – o ovo ou a galinha, segundo a edição desta sexta-feira do diário britânico The Times.
A resposta para os pensadores e o avicultor é inequívoca: primeiro foi o ovo.
O argumento é que o material genético não se transforma durante a vida do animal, pelo que a primeira ave que no decorrer da evolução se transformou no que hoje chamamos de galinha existiu primeiro como embrião no interior de um ovo.
Para John Brookfield, especialista de genética evolutiva da Universidade de Nottingham (Inglaterra), a questão é bastante clara. O organismo vivo no interior do ovo tem o mesmo ADN que o animal que nascerá, pelo que «a primeira coisa viva que podemos qualificar sem receio de equívocos membro dessa espécie é o ovo».
David Papineau, especialista em filosofia da ciência do King´s College londrino, concorda com o seu colega: a primeira galinha saiu de um avo, e é um erro pensar que o primeiro ovo de galinha foi uma mutação produzida por pais de outra espécie.
«É um ovo de galinha se no seu interior estiver uma galinha», disse Papineau, exemplificando: «Se um canguru pusesse um ovo e dele saísse uma avestruz, o ovo seria de avestruz e não de canguru».
O jornal cita ainda Charles Bourns, avicultor e presidente de um organismo do sector avícola, que contribuiu também para o debate: «Os ovos existiam já antes de nascer a primeira ave. Claro que talvez não tivessem o aspecto dos de hoje», concluiu.
in diariodigital.sapo.pt
A gora, nas colunas do pc, Ivan Lins canta "Lembra de mim" e lembrei-me.
De ti.
Mas quando penso em ti só me vem à lembrança "You are so beautiful to me".
so beautiful
to me
(é bom que o raio da Primavera passe depressa que isto já esta a bulir demais comigo)
(post a descambar um bocado, mas um gajo tem às vezes destas coisas)
(e é bom que isto pare por aqui antes que me torne verborreico)