Passam hoje duzentos anos da morte de Manuel Maria Barbosa du Bocage. Aqui celebra-se não a morte mas o poeta, infelizmente pouco estudado, vilipendiado até.
Ao Padre José Manuel de Abreu e Lima,
que, aproveitando-se da prisão do autor, lhe
tomara o primeiro acto do drama «A Restauração
de Lisboa» e, completando-o, o pôs em cena como seu
Em vão, Padre José, padre ou sacrista,
De magra cachimónia, estéril pena,
Encaixas do Salitre sobre a cena
D'alta Lisboa a célebre conquista.
Bocage dentre as grades pede vista
Contra um roubo, mais certo que o de Helena;
E a cómica Talia te condena
Dos plagiários vis a andar na lista.
De «Afonso» houveste às mãos acto primeiro,
Fruto do pobre autor encarceredo,
E deste a consciência por dinheiro.
Roubaste-o por o ver encafuado?
Cuidas talvez que é cova o Limoeiro?
Ora treme de o ver ressuscitado!