O que vos trago hoje tem a ver a cimeira da OMC em Hong Kong. No jornal Expresso do último fim-de-semana, em artigo publicado no suplemento de economia, Jorge Fiel bate, forte e feio, puro e duro, nesta casta (utilizo propositadamente este substantivo como um adjectivo) de dirigentes europeus que temos:
Os indianos não comem vacas, que na sua cultura são um animal sagrado. Mas onde as vacas são realmente um animal sagrado é na EU. Uma vaca europeia custa, em subsídios, dois euros por dia. Muito mais do que recebem 1,2 mil milhões de pobres que passam fome nesse mundo. Um estudo do Banco Mundial calcula que o fim dos subsídios aos agricultores da EU e Japão chegariam para arrancar à pobreza 140 milhões de seres humanos, nossos irmãos.
Os 44 mil milhões de euros que custa por ano a Política Agrícula Comum, uma soma pornográfica dinheiro que chegava para fazer 4 linhas de TGV Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto e cinco aeroportos da Ota.
Já sabem que sou incapaz de deitar ao lixo um bocado de pão seco de quatro dias sem ouvir na minha cabeça a voz da minha mãe a lembrar-me: «Olha que é pecado desperdiçar comida quando há tantas crianças no mundo a morrer de fome».
Por isso, espero que compreendam e partilhem a enorme revolta e desprezo que me merecem os dirigentes da EU que atiraram para um beco a cimeira da OMC que está reunida em Hong Kong e me deixam com vontade de me referir a eles com os mesmos termos que um adepto de futebol costuma dedicar ao árbrito que marcou um penálti injusto contra o seu clube.