Era uma vez uma menina à janela a observar borboletas coloridas que dançavam no ar. Não pensava em nada, apenas observava maravilhada o bailado das borboletas com a boneca de pano encostada ao ombro como uma amiga a partilhar aquele momento maravilha, maravilhamento.
Era uma vez um menino a olhar os carros de bois, que vinham da vindima, a atravessar a rua da aldeia e que corria atrás deles para agarrar um pequeno cacho e saborear a doçura das uvas e que a seguir partia a correr com o cão rim-tim-tim até ao alto dos montes, junto aos moinhos de vento, para, sentado numa pedra e com os braços a abraçar as pernas encolhidas, observar a aldeia lá em baixo.
Era uma vez uma menina e um menino, de mãos dadas, a passear numa floresta encantada, maravilhados por existirem árvores de cores tão fortes e elfos a cantar e gnomos a brincar e pássaros a chilrear e corsas a pular.
Era uma vez um cachorrinho pequeno, uma pequena bola de pelo, a brincar, num quintal, com um menino, a rebolarem na erva doidos de alegria por se conhecerem e serem dados um ao outro, numa tarde quente de verão.
Era uma vez uma rapariga e um rapaz a provarem a doçura do primeiro beijo, escondidos atrás da porta de entrada de um prédio com vergonha por serem de cores diferentes, mas muito excitados por descobrirem no olhar um do outro, toda a ternura do mundo.
Era uma vez...