Não havia ideias na caixinha dos pirolitos. Puxei, puxei e não saía nada. Que raios! Não é maneira de se começar a semana. Ó musa da escrita, isto não se faz a este teu (e)terno amante, deixares-me para aqui sem nada para dizer. Bom parece que funcionou. Era uma vez uma mulher bonita (e gosto muito da maneira como soam estas palavras - mulher bonita, quase como se saboreasse-mos as palavras, a ideia das palavras) que atravessava a praça, objecto dos olhares masculinos. No seu rosto não havia expressão, se tinha conhecimento da admiração que provocava não o demonstrava. Avançava firme e decidida pela praça no seu fato, saia e casaco, com a bolsa de mão a baloiçar no braço direito. Quase no final do trajecto repara que sai de dentro de um café um trio de raparigas dos seus 12/13 anos, abraçadas, a falarem alto e a rir numa cumplicidade descarada como só as adolescentes daquela idade têm. Ela pára para as deixar passar, tão imersas no seu mundo estão que não notam nada à sua volta. O seu olhar segue-as e no seu rosto nasce um sorriso com alguma nostalgia à mistura. A ternura da lembrança envolveu o seu coração, suavizou o seu sentir e perfumou o resto do seu dia.