Um pássaro, pousado num galho da árvore defronte à minha janela. Não sei que árvore é aquela, não sei que pássaro é aquele, apenas sei que é Outono e que um pássaro está pousado num galho de uma árvore defronte da minha janela. Parado, encolhido, de olhos fechados. Dorme talvez, e eu pergunto-me se os pássaros dormem de dia e se quando dormem também sonham e se sonham com o que sonham. Talvez com calor, talvez com fartura, talvez com outros pássaros. É apenas um pássaro pousado num galho defronte da minha janela num dia de Outono mas deixou-me taciturno, contemplativo, ansioso.
Um pássaro estava pousado num galho da árvore defronte à minha janela. Caiu, petrificado pela ausência de vida e tornou-se jantar de gato vadio, abandonado por alguém cujos sentimentos não vão além da sua imagem reflectida num espelho qualquer. Se fosse pássaro e pudesse escolher acho que preferiria acabar na barriga de um gato vadio do que pendurado à cintura de um caçador como troféu de um qualquer feito.