Sexta-feira, 29 de Julho de 2005
Chegando o verão isto aqui, nos blogs, fica uma pasmaceira. Volta e meia as pessoas desaparecem, vão de férias, e só resta a saudade. Depois, o próprio calor faz-nos pessoas alteradas. Para mim, que vou a 2 de Outubro fazer uma maratona no Porto, esta é uma altura de treino no duro. Portanto é aguentar.
Tenho um amigo, camarada de corridas, que trabalha numa gráfica; sabendo-me apreciador de poesia presenteia-me, volta e meia, com algumas edições que pela mão lhe passam. Deixo-vos um poema de uma edição recente - Junho de 2005. Editora FROUCEIRA; 7Amigos|Artes Gráficas, Lda - Gualtar, Braga.
de Ramón Rodríguez Porto, jornalista, escritor e poeta galego. O poema chama-se Ponte 25 de Abril:
Lisboa xace cos pés mollados no Taxo
que non é rio... senón mar.
O chamado "Da Palha"
que atravesan os "cacilheiros" tódo-los dias
para as xentes que queren cruzar
A ponte 25 de Abril
a máis longa de Europa que se pode ollar,
o seu nome lembra a"revolución dos caraveis"
e fai esquecer o do dictador Salazar...
Terça-feira, 26 de Julho de 2005
Acerca das presidenciais quero dizer duas coisas:
- Que se os checos tiveram a hipótese de votar em Vaklav Havel eu gostaria que o PS me desse a oportunidade de votar num poeta para presidente da república.
- Acho de muito mau gosto servir alcagoitas no Palácio de Belém.
Segunda-feira, 25 de Julho de 2005
de vez em quando
a voz solta-se
e a poesia corre
como água da chuva
nas avenidas dos sentimentos
em tempos distantes
diria que a pena
era uma dama inconstante
mas hoje
dedilhando o teclado
preto computacional
sinto o peso
da fatuidade do meio
olha
tenho o Einstein
no canto superior direito
de braços cruzados
a bater o pé
e a olhar para mim
com sobrancelhas cerradas
Sexta-feira, 22 de Julho de 2005
E voltamos aos concertos promenade. Alguém, anónimo, tem vindo a comentar os postos sobre os concertos promenade criticando a opção tv por contraponto à opção radio. Quero esclarecer aqui algumas coisas.
primeiro: Rádio ou TV são meios de difusão. O meu objectivo é o da divulgação de um acontecimento músical extraordinario, e nesta particular altura, devido aos atentados de Londres, a partilha com os londrinos desse acontecimento. Como meio de difusão em massa a tv suplantou à muito a rádio por isso a chamada de atenção segue o caminho mais conveniente. Acresce que o ambiente ali vivido tem a ver não só com a música mas com a partilha da sua fruição e isto, para quem está longe (não inserido no ambiente), é mais claramente apreendido e partilhado pela visão conjunta com o som.
segundo: Rádio ouço durante todo o dia, com a Antena 1 e Antena 2 em particular destaque, e tv só para filmes, noticiários e um ou outro acontecimento mais especial (futebol não incluido que não sou apreciador). Espero ouvir, pelo menos, alguns concertos pela rádio.
terceiro: E porra! Está um gajo a querer fazer divulgação cultural e ainda acaba por ser criticado. Arre que é demais.
(Este posto aparece aqui e agora porque, se calhar, bebi uma cervejinha a mais. Friday fever.)
Quinta-feira, 21 de Julho de 2005
Estou a fazer experiências. Este posto está
a ser feito com o FrontPage. Mas vamos a assuntos sérios.
Tenho evitado escrever algo sobre o caso de
a Fundação Gulbenkien ir acabar com o Ballet Gulbenkien, é que é mau demais. Na
revista ÚNICA que vem com o jornal Expresso (da semana passada) Clara Ferreira
Alves, que assina a última página da revista sob o título de Pluma Caprichosa,
acaba assim o seu artigo:
"A Fundação Gulbenkian foi a instituição
que mais respeitei e admirei em Portugal, e tem obrigações e tradições neste
domínio. A Gulbenkian não é dirigida por autodidactas e espertalhões e sim gente
competente, culta e séria. Por favor, não façam isto, ou, se o fizerem, não
façam isto assim. Honrem a memória do cavalheiro arménio, aliás, o único homem
que enriqueceu com o petróleo iraquiano e devolveu parte dos lucros à
humanidade. O único."
Junto a este texto um comentário pessoal
acerca do assunto: é uma tristeza que uma mulher (Teresa Patrício Gouveia) que
esteve ligada a Alexandre O'Neill venha a público defender esta decisão.
Terça-feira, 19 de Julho de 2005
Desce as escadas do prédio. Atravessa o pátio e abre o portão. Passa para o passeio do outro lado da rua e olha para a enfiada de prédios da qual aquele que habita faz parte. De repente sente-se como o careca que jogava à carica em Caracas: apenas mais uma personagem de um conto. Uma marioneta nas mãos do destino. O vento invernal, cortante, fá-lo ter um arrepio. Aperta o botão do colarinho, levanta a gola do casaco e busca a boina basca, dobrada no bolso de trás das calças, para proteger a cabeça, já meio careca, do frio. Apressa o passo em direcção à baixa. Pelo caminho para no 1º de Maio para tomar uma bica e um bagaço. O estômago queixou-se; não era desjejum para um homem da sua idade. Seguiu em direcção à rua da Sofia, nesta cortou por uma transversal ruela torta e calcetada. A alguns metros do seu destino parou e olhou, dissimuladamente, em volta procurando aquela espécie de seres que compõem o corpo da polícia política (nunca, ao longo da sua vida, sentiu que lhes poderia chamar seres humanos). Nada. Apenas um bêbado sentado numa soleira e uma mulher da noite de regresso, cansada, ao porto de abrigo que chamava lar (e de imediato arrependeu-se de ter pensado nada, mesmo os deserdados da sociedade não são nada). Avançou os passos que o separavam do sítio, uma casa de dois pisos com um telhado de estilo oriental. Bateu com a maçaneta e do outro lado veio a pergunta:
- Quem é?
- É o novo feitor.
- Da quinta da Mourinha?
- Não. Da quinta do Norte.
Santo, senha e contra-senha confirmados e abre-se a porta.
- Ora viva camarada.
- Viva. Quem é que vou passar e para que zona?
- Hoje temos um rapaz novo. Poeta.
Segunda-feira, 18 de Julho de 2005
Acerca da guerra que se instalou entre o grupo Espirito Santo e o grupo de imprensa de que faz parte o Expresso, Jorge Fiel na sua coluna Invisíveis Correntes no suplemento Economia & Internacional do jornal Expresso tem este pedaço de prosa intitulada Senhores feudais:
"Há quem tenha a ilusão de pensar que com dinheiro se pode comprar tudo. E há pior. Há gente habituada a vender a mãe - e não a entregar, para a poder vender outra vez. Gente habituada a não olhar a meios para obter de ministros e autarcas a luz verde para os lucrativos projectos empresariais. Gente que reage mal quando tropeça em alguém que não está à venda - logo desata a chantagear, bolçando mentiras velhas e copiando de João Jardim os modos, o palavreado e os disparates.
A boa notícia é que nem todos os jornalistas são susceptíveis de serem amaciados e esterilizados com férias pagas - de Verão em Ibiza ou de Inverno na neve (com oferta garantida de fatos de esqui novos, todos os anos).
A boa notícia é que há empresas editoriais que para sobreviver e dar lucro não precisam de andar curvadas a trocar pacotes de assinaturas ou campanhas de publicidade por silêncios cúmplices - e dispensando aos benfeitores a deferência temerosa que os servos da gleba prestavam aos senhores feudais.
Sexta-feira, 15 de Julho de 2005
A Antena 2 está a dar neste momento, em directo, o concerto de abertura dos Promenade. Na TV a única informação que tenho, do site da BBC,
BBC Proms, é que os concertos passam na BBC One, BBc Two e BBC Four.
Quinta-feira, 14 de Julho de 2005
Falando, ainda, dos concertos Promenade. Alguém, nos comentários, informou que a Antena 2 vai dar os concertos, a maior parte em directo. É uma boa ideia, principalmente se a televisão não os der. Mas não é uma boa alternativa porque aquele ambiente só visto, mas é que mesmo só visto. Talvez a BBC os passe. Vou procurar notícias e depois digo qualquer coisa.
Terça-feira, 12 de Julho de 2005
Conselhos a quem corre pelas ruas de uma cidade:
- Ao correr no passeio ter cuidado com as curvas fechadas. Há aquele sacana de automobilista que deixa o carro estacionado em cima do passeio e se vais lançado entras por cima da capota a toda a velocidade e só paras no outro lado estendido no chão.
- Exactamente no mesmo tipo de lugar ter cuidado com os sinais de transito, principalmente se habitas numa cidade em que o presidente da câmara é de baixa estatura. A altura dos mesmos é medida pela do senhor presidente e arriscaste a dar uma valente cabeçada num pedaço de metal. Temos a cabeça dura mas tanto também não.
- No caso de estradas municipais cuidado (uma vez mais) com as curvas mais fechadas. Como corres ao fim do dia, e uma vez que os trabalhadores municipais que estavam a arranjar a estrada de paralelos já se foram embora, arriscaste e uma boa entorse porque eles deixaram o trabalho a meio com parte dos paralelos desalinhados e lá atrás nenhum sinal a avisar.