Sexta-feira, 10 de Março de 2006
Lembram-se dos Monty Pythons Flying Circus? O jornal Público traz hoje um artigo (com uma curta entrevista) sobre a estreia em Lisboa de Contos com Música (Teatro S. Luiz hoje, 15, 16 e 17 de Março) feitos a partir de contos de Terrance (Terry) Graham Perry Jones, um dos pilares dos MPFC, e com música de Luís Tinoco. No mesmo jornal vem um curto conto de Terry Jones que aqui transcrevo:
TRÊS PINGOS DE CHUVA
Um pingo de chuva, enquanto caía de uma nuvem, disse para o outro pingo ao lado dele: Sou o maior e melhor pingo de chuva do céu. Tu és, na verdade, um belo pingo de chuva, respondeu-lhe o segundo, mas não tens, nem de perto, uma forma tão bonita como eu. Replicou o primeiro pingo: Vamos resolver isto de uma vez por todas. Perguntaram então a um terceiro pingo de chuva qual dos dois era o melhor. O terceiro pingo, porám, afirmou: Que disparates estão para aí a dizer os dois. Tu podes ser um grande pingo e tu tens seguramente uma forma muito bonita mas, como toda a gente sabe, a pureza é que conta e eu sou mais puro que qualquer um de vocês. Por isso, eu sou o melhor pingo do céu. Então...antes que os outros pingos tivessem tido tempo de lhe dar qualquer resposta, os três chegaram à terra, ficando todos misturados numa grande poça de lama.
(para pensar)
Quinta-feira, 9 de Março de 2006
A 100nada está de volta. Um dos mais famosos blogues portugueses no feminino esta aí outravez. Já coloquei o link na coluna do lado esquerdo.
Quarta-feira, 8 de Março de 2006
C. estava a pôr a garrafa de ponche na prateleira de cima quando viu entrar no bar M. Já tinha reparado nela outras vezes. Mulher de meia-idade, sempre sozinha entrava por volta das seis da tarde, provavelmente vinda de algum dos escritórios que havia ao longo da avenida. Sempre sozinha, umas vezes com um ar cansado, outras com o olhar um pouco mais desperto, mas sempre com uma elegância e uma serenidade no olhar que só as pessoas com a consciência tranquila têm. O rosto, ainda belo, revelava no entanto algumas vicissitudes da vida. Como sempre foi sentar-se na mesinha junto ao canto da janela da esquerda, de onde tinha como vista a fronte do colégio infantil. O olhar sereno ficava no entanto um pouco triste, junto com um toque de algo que C. não sabia identificar, quando via a saída das crianças do colégio trazidas pelas educadoras até aos pais que as esperavam cá fora. No entanto um sorriso acabava sempre por lhe aparecer no rosto, embora sorriso triste. C. levou-lhe, como de costume um martini com uma azeitona, que ela deixou pousado sobre o tampo da mesinha. Espreitando pela janela C. reparou que estavam a sair as crianças do colégio, e olhando para M. reparou no seu olhar (talvez fosse dor, não sei). C. preparou para si um martini e dirigiu-se para a aparelhagem de som. Pôs a tocar uma música que sabia de particular gosto de M. As Time Goes By na versão original cantada por Dooley Wilson. Quando a viu levar a taça aos lábios levantou a sua brindou-a silenciosamente e bebeu um gole do martini. No bar, deserto para além de M. e C., apenas dois anjos sorrindo.
A todas as minhas amigas
UM FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Segunda-feira, 6 de Março de 2006
Volta e meia aparecem estes testes na net. Quando vi o resultado do meu teste levantei-me da cadeira e dei dois passos de dança.
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Que personagem do Seinfeld é você? Trazido a você por
Soul Fire
Sexta-feira, 3 de Março de 2006
O monitor olha para mim. O rosto da rapariga (linda, absolutamente divina) que serve de fundo do ambiente de trabalho, faz companhia ao gato de madeira de olhos fitos em mim. Só que o olhar dela é orgulhoso e altivo, interrogativo, e o do gato é um olhar espantado. Talvez pela beleza da rapariga. Talvez.
Lá fora chove e o fim-de-semana está a bater à porta. Toc-toc, toc-toc, quero entrar. E eu digo entra e acaba depressa que já estou com saudades.
Saudades do futuro ou do passado? pergunto-me.
Talvez de um possível presente, inexistente.
Agora apetecia-me ouvir Just Another Sucker on the Vine de Tom Waits.
Quinta-feira, 2 de Março de 2006
Como sempre viro na esquina defronte à igreja do Carmo e entro na praça observado o movimento geral. Uma rapariga bonita que solta uma gargalhada aqui. Uma discussão entre marido e mulher ali. Acolá, um mendigo que toca o bolero de Ravel numa flauta de bisel. Vou passando, olhando e ouvindo como se não fizesse parte da multidão. No peito o coração bate sem saber porquê, a sua função é bater e não saber porque bate. Os porquês assolam em região mais acima.
Porquê? Porquê?
Porque é tão bonito o riso das raparigas? Porque elevam tão alto as vozes as pessoas que discutem? Porque é que o mendigo que toca flauta de bisel se preocupa, ao pormenor, em que a melodia soe correcta?
Vou seguindo, navegando à bolina. Ou, como diria Hitchcock, North by Northwest.
Num notável artigo, publicado no penúltimo Jornal de Letras, o professor Carlos Amaral Dias conta que o grande poeta Rainer Maria Rilke, perante a insistência de Lou André Salomé para que se fizesse psicanalisar com Freud, afirma :«Temo que se os meus demónios me abandonem, os meus deuses também o façam».
Quarta-feira, 1 de Março de 2006
A Aragana está de volta.
Tem um novo blogue na plataforma blogspot. Já coloquei o link na coluna da esquerda, portanto toca a ir lá dar-lhe as boas vindas à blogosfera.