Ela. Ela. É engraçado mas esta é uma das palavras que eu mais gosto. É a feminilidade da própria palavra que a torna tão atractiva. Ela lembra-nos sempre alguém. Mesmo quando alguém só existe no nosso pensamento, no nosso sonho. Ela será, nesse caso, o nosso desejo.
Ela, dizia eu, poderia ter qualquer rosto (vêm-me à memória os rostos de Fanny Ardant, Isabella Rosselini, mas são apenas exemplos) os seus cabelos teriam a cor que os deuses achassem por bem, apenas que a minha mão os pudesse afagar, os olhos ai os olhos, uma da minhas perdições, lagoas onde este naufrago se afogaria de boa vontade, os olhos teriam a cor que o meu coração visse.
Ela e lá volto eu ela não me canso de dizer esta palavra. É como beijar uns doces lábios vermelhos. Na minha língua este L tem um sabor de um beijo. Ela pôs a mão no meu ombro, fazendo-me virar para ver quem era, e disse olá à quanto tempo eu estava à tua espera. Porque demoraste tanto?