Hoje no jornal Público António Vilarigues, consultor de sistemas de informação, conta esta história, fruto de cumplicidades múltiplas de diversas forças partidárias:
É uma câmara de um concelho com pouco mais de 8500 habitantes e isto passa-se neste século XXI. Tomada de posse de novo elenco camarário. Gabinete do ex-presidente. Dossiers vazios. Computador com o disco limpo de dados. Em cima da mesa um pistola. Ao lado um carregador com as respectivas balas. Ao centro da secretária um afolha em branco e uma esferográfica.
Poucos minutos passados e toca o telefone. Ameaça de corte de energia por não pagamento das respectivas facturas.
E A.V. pergunta: Espantado? Estupefacto? Não se levante.
E continua.
Nos últimos 30 anos os habitantes do concelho têm muito que contar.
A câmara promoveu a construção de instalações para uma escola profissional. Passado pouco tempo as mesmas passam para uma fundação ligada ao presidente da edilidade. Escusado será dizer que a escola está fechada sem cursos e sem alunos.
Sucessivos presidentes, certamente com o fruto das suas poupanças, ampliaram largamente o seu (deles) património imobiliário.
E A.V. pergunta: De boca aberta? Incrédulo? Prepare-se que há mais.
O orçamento anual é de 8 milhões de euros. A dívida herdada ascende aos 22,5 milhões e as obrigações financeiras de curto prazo são de 5 milhões.
A empresa municipal é detentora de, por exemplo, uma loja em Lisboa num centro comercial e a câmara possui um hotel de cinco estrelas completamente remodelado a expensas dos munícipes. Só que está encerrado. De caminho foi concedendo a exploração de uma pedreira dentro da área de influência de instalações termais. Deve ser novo tipo de tratamento médico.
Desde Outubro, a nova vereação já desactivou mais de sete centenas de postos de iluminação pública considerados supérfluos. Ao que nos dizem, muitos limitavam-se a iluminar pinheiros.
E o problema é que isto passa-se em muitas autarquias e até aqui ainda não vi ninguém a ir para o chilindró por causa do que fazem com os dinheiros públicos.