Sempre tive uma grande admiração pelos grandes vigaristas. Não estou a falar de políticos, esses são vigaristas pura e simplesmente, nem daqueles fulanos que aproveitando-se dos lugares que ocupam fazem um qualquer tipo de vigarice. Estou a falar daqueles individuos que têm grandes capacidades de invenção e efabulação, e delas se aproveitam para enganar o seu semelhante. Sei que não é bonito ou aceitável, mas de qualquer maneira têm a minha admiração pelo seu génio. Tivemos um caso desses aqui em Portugal nos principios do séc. XX e o seu nome era Alves dos Reis mas noutros países há-os em maior número. A Scotland Yard já perdeu a conta ao número de vezes que a coluna de Nelson foi vendida mas o caso que mais me impressionou foi o da venda da Torre Eifel. O caso passou-se, se não estou em erro, nos anos 50 do século passado e foi o que se segue:
Francois (nome fictício), comerciante abastado da província, chaga a Paris para a sua primeira visita à capital. Hospeda-se e vai dar uma volta para ver os monumentos, obviamente a Torre Eifel é um dos lugares de visita. Está cá em baixo a admirar o monumento quando ao lado dele se posta um cavalheiro bem vestido que mete conversa com ele.
- É um belo monumento não é?
- É. Faz-nos sentir orgulhosos de ter sido criada por um francês.
- É verdade, é um orgulho...é pena termos de a vender ao estrangeiro.
-!!Perdão!!
- Sabe como é...à desculpe, não me apresentei. Chamo-me Pierre D. (nome fictício), sou ministro da républica para os monumentos.
Apertam as mãos e o vigarista continua:
- Com o esforço para reconstruir o país depois da guerra os cofres da républica estão vazios. Já nem temos dinheiro para manter todos os monumentos. Portanto temos que vender alguns. Aqui a torre deverá ser vendida aos americanos.
- Não é possível! Alguma coisa tem de se arranjar para evitar isso!
- Não vejo como. Temos de a vender por 10 milhões de francos antigos e não vejo mais nenhuma solução.
- Espere aí. Eu vou já ter com alguns amigos da minha zona e juntamos isso com facilidade. Daqui a um mês venho cá com o dinheiro e a torre fica em Paris.
- Não virá a tempo. Temos que ter 2 milhões para a semana, como lhe disse os cofres estão vazios.
- Não há problema, essa quantia tenho eu no banco. Vamos lá e dou-lhe de adiantamento os 2 milhões ficando o resto para daqui a um mês.
Está-se mesmo a ver o que aconteceu, não é verdade. O comerciante entregou os 2 milhões a troco de um papel assinado e quando voltou no mês seguinte é que a polícia lhe explicou que tinha sido ludibriado.
Enfim, um vigarista com classe.
De
Aragana a 5 de Maio de 2006 às 16:24
Sim senhora!!!! Isso sim.. é classe...
E se eu vendesse o Mosteiros dos Jerónimos.. era uma boa não era?
Beijinhos e bom fim de semana!
De
sofia a 5 de Maio de 2006 às 21:30
Que pérola! Beijinho
Classe? Neste caso, eu diria que houve alguma imaginação. Também não é preciso muita, para ludibriar os mais crédulos. A história tem piada, Carlos, mas julgo que todos sorrimos da ingenuidade do comerciante abastado, e nem sequer pensamos que com muita frequência alguém nos "passa a perna" de modo mais ou menos subtil, sem, na altura, darmos por isso. Bem, eu falo apenas por mim...
:)
Um abraço
Comentar post